Seminário Internacional de Verão
1O–22.O7

O projeto Fertile Futures, que constitui a Representação Oficial Portuguesa na 18.ª Exposição Internacional de Arquitetura – La Biennale di Venezia 2023, levou setenta alunos de todo o mundo ao Fundão, para, durante duas semanas, pensar o futuro do território perante as adversidades provocadas pela escassez de água doce.


Ao longo de quinze dias, durante o passado mês de Julho, o Seminário Internacional de Verão envolveu setenta alunos de universidades nacionais e internacionais – nomeadamente de Portugal, Espanha, Itália, Holanda, Reino Unido, Japão, China, Chile, Brasil, Angola, Cabo Verde, entre outros –, as sete equipas de arquitetura que apresentaram os seus projetos em Veneza, e diversos parceiros e pessoas locais, em inúmeras visitas de campo, conferências, workshops e, finalmente na produção de instalações pelo território do Fundão.

O Fundão, que integra a lista de oito cidades portuguesas incluídas na Missão da União Europeia para Adaptação às Alterações Climáticas, e que é um território profundamente afetado pela escassez de água e pela agricultura superintensiva, palco de incêndios e desertificação e, simultaneamente, representativo de fortes investimentos na inclusão social e vertente tecnológica em expansão pelo interior, tornou-se assim o foco da discussão e o palco dos laboratórios de trabalho.


Deste modo, a extensão do projeto Fertile Futures ao município Fundão promoveu e explorou a temática da escassez de água doce, a partir de sete laboratórios dispersos pelo território: os grupos de Corpo Atelier, Dulcineia Santos Studio e Space Transcribers trabalharam em Janeiro de Cima; a equipa de Guida Marques explorou a paisagem do Cabeço do Pião; o grupo do Ilhéu Atelier explorou a linha de água da praia fluvial de Castelo Novo; e as equipas do Ponto Atelier e da oficina Pedrêz, ocuparam o interior e o exterior do Seminário do Fundão, respectivamente.

As propostas apresentadas no âmbito do Seminário Internacional de Verão pelas diferentes equipas, resultaram em exercícios conjuntos e soluções diversas, e procuraram espelhar, na sua globalidade, o papel da significativo da arquitetura no pensamento colaborativo e na construção de futuros férteis.


O Seminário Internacional de Verão, integra assim a tríade que constitui o projeto Fertile Futures, em paralelo com a exposição patente em Veneza, que problematiza as questões da gestão, distribuição e escassez da água doce a partir de sete hidrogeografias do território português, e com as cinco Assembleias do Pensamento, debates localizados entre Lisboa, Veneza, Braga, Faro (a realizar a 2 de Setembro) e Porto Santo (a realizar a 7 de Outubro) que contam com diversos especialistas de diferentes áreas disciplinares.

1. Beatriz, Janeiro de Cima
laboratório Corpo Atelier

Escultura arquitetónica enquanto construção de paisagem foi a proposta apresentada pelo workshop de Corpo Atelier. Beatriz é o nome atribuído às escadas de palha, situadas na ilha fluvial de Janeiro de Cima, que são simbolicamente um instrumento intermediário entre o ser humano e a forma de ver o mundo, entre a paisagem imediata e a imaginária, ou seja, a que não sendo visível, também existe. De forma simultânea, procuram esconder e dão a conhecer para onde vai e de onde vem o rio Zêzere.

Workshop por Corpo Atelier: Filipe Paixão com Diogo Silva e Pietro Pucci
Participantes: Ana Veloso Marques, Esther Ampudia, Joana Fontes, Lee Tsz Hei, Victor Matas, Sabrina Rodrigues, Julia Sanjuan, Cristina Tasso

2. Desaprender / Desenhar a linha, Janeiro de Cima
laboratório Dulcineia Santos Studio

A partir da observação do "percurso completo" do movimento de uma linha de água, o grupo de Dulcineia Santos Studio desenvolveu o workshop Desaprender / Desenhar a linha, onde aprendeu com as diferentes qualidades do solo e procurou sensibilizar os participantes para o poder da água na construção de espaços sustentáveis e biodiversos que poderão ser utilizados pela comunidade do Fundão, a partir da expressão desenhada.

Workshop por Dulcineia Santos Studio: Dulcineia Santos com Frederico Moncada, Jorge Abade e Georges Lieben
Participantes: Kong Jining, Eliza Previato, Juste Zvirblyté, Luiza Carvalho, Roberto Costa da Matta, Luisa Frigolett, Goda Padvelskyté

3. Auto da Barca de Janeiro de Cima, Janeiro de Cima
laboratório Space Transcribers

O grupo coordenado pelos Space Transcribers propôs explorar o storytelling enquanto instrumento da prática arquitetónica, capaz de imaginar cenários espaciais e críticos para o futuro do ambiente construído. A performance Auto da Barca de Janeiro de Cima, desenvolvida na praia fluvial de Janeiro de Cima entre as margens do rio Zêzere, foi apresentada como resultado da investigação de duas semanas e foi uma ação que procurou desvendar e fabricar as ligações entre o presente incerto e um futuro ficcionado.

Workshop por Space Transcribers: Daniel Duarte Pereira, Fernando P. Ferreira
Participantes: Francisco Buitrago, Unė Jonynaitė, Francisco Garvão, Maria Paula Freitas, Ryota Sakai, Silvia García Sánchez, Vasco Nóvoa, Samanta Kajėnaitė, Bruno Kenny Oliveira

4. Reparar / Repair, Cabeço do Pião
laboratório Guida Marques

No Cabeço do Pião, o workshop Reparar / Repair, conduzido por Guida Marques propôs a criação de um lugar de experimentação através do desenvolvimento de ações que nos tornem mais conscientes do papel de cada um de nós, no mundo. Através de processos próprios da performance art, os participantes procuraram explorar a relação com a água, com a ruralidade, com a ancestralidade e com o futuro.

Workshop por Guida Marques
Participantes: Beatriz Cabral, André Mouro, Carolina de Almeida, Eva Monteiro, Maria Rivera, Pedro Freire

5. Fluir em lugar de ser pedra, Castelo Novo
laboratório Ilhéu Atelier

A partir da análise empírica do lugar, o workshop proposto por Ilhéu Atelier procurou identificar as manifestações e representações humanas da água no território. Através da materialização da experiência emotiva do grupo sobre o lugar, Fluir em lugar de ser pedra, parte de um verso de Eugénio de Andrade para explorar os interstícios entre a memória individual e a coletiva e desenvolver uma instalação site specific a partir de cinco objetos monolíticos pensados para a praia fluvial de Castelo Novo.

Workshop por Ilhéu Atelier: Afonso Botelho Santos e Rita Sampaio
Participantes: Vitória Seixas, Ece Mulazimoglu, Eduarda Silva, Giovanni Zenere, Sancho Manso, Zaida Vasconcelos, Martim Mota, Ana Ascensão

6. Electro-tecture, Seminário do Fundão
laboratório Pedrez

Pedrêz desenvolveu o workshop experimental Electro-tecture, que procurou compreender e investigar sobre a relação entre arquitetura e eletromagnetismo através de experiências na agricultura, procurando reduzir o consumo de água doce. A instalação de 49 vasos, que ocupa um dos campos de jogos do Seminário, é agora um laboratório em contínuo e experimental durante os próximos 3 meses.

Workshop por Pedrêz: Francisco Fonseca, Matilde Cabral
Participantes: Laura Cazaban, Filipa van der Laan, Martim Neiva, Miguel Teodoro, Ricardo Garcia, Rodrigo Pereira, Gabriela Sánchez-Jara, Julia Froner, Margherita Prisco, Filipe Miranda, Alberto José

7. Fo(u)r, Seminário do Fundão
laboratório Ponto Atelier

Ponto Atelier procurou uma preexistência no Seminário do Fundão para compreender e transformar o modo de gerir o recurso água. Através de um gesto colaborativo, num movimento e ação na preexistência, o workshop Fo(u)r construiu um espelho de água, que se ergue no meio do pátio e que liga as quatro entradas, reescrevendo o valor simbólico e espiritual da água e estabelecendo um novo centro de reencontro entre diferentes culturas e gerações.

Workshop por Ponto Atelier: Ana Pedro Ferreira, Pedro Maria Ribeiro
Participantes: Miguel Lopes, Ana Rita Souto, Martina Catasta, Erickson Fortes, Ana Peral, Inês Salgueiro, João Jacinto, José Fernandes, Stephanie Ng, Peerada Liewchanpatana




CURADORA

Andreia Garcia

CURADORES ADJUNTOS

Ana Neiva, Diogo Aguiar

EDIÇÃO E COMUNICAÇÃO

Patrícia Coelho

PARCERIAS

Município do Fundão, Fundação Serra Henriques, Canal 180

AGRADECIMENTOS

Esmeralda Tavares, Bina Paulo