Pavilhão
de Portugal

2O.O5
— 26.11.2O23
Palazzo
Franchetti
Pavilhão de Portugal

2O.O5
— 26.11.2O23
Palazzo Franchetti

Elemento vital às espécies humana e não-humana, mas também metafórico e emocional, a água doce é simultaneamente política e economia, sendo, por isso, urgente a discussão pública sobre a proteção, a gestão e o futuro deste recurso natural. Estas são questões globais com manifestações dramáticas em distintas especificidades do território português.

Com foco em sete hidrogeografias, Fertile Futures encomenda a jovens arquitetas e arquitetos, em colaboração com especialistas de outras áreas de conhecimento, a apresentação de modelos propositivos para um amanhã mais sustentável, em cooperação não hierarquizada entre disciplinas, gerações e espécies.

Os sete casos em estudo exemplificam a ação antropocêntrica sobre recursos hídricos, naturais e finitos, nomeadamente: na Bacia do Tâmega; no Douro Internacional; no Médio Tejo; na Albufeira do Alqueva; no Rio Mira; na Lagoa das Sete Cidades; e nas Ribeiras Madeirenses.

Fertile Futures defende a pertinência do papel da arquitetura no desenho de um futuro colaborativo, descarbonizado e descolonizado, a partir de uma abordagem heterogénea, aberta à experimentação, ao diálogo e à reflexão comum, focada na realidade do território português.

Oficinas da Hidrogeografia
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Expandindo a existência efémera de uma representação nacional em Veneza, Fertile Futures envolverá as novas gerações no desenvolvimento de soluções para reservatórios de futuro, a partir do contacto próximo com sete hidrogeografias, exemplares da ação antropocêntrica sobre recursos hídricos, naturais e finitos.

Provocam-se jovens ateliers de arquitetura a trabalhar com especialistas de outras áreas disciplinares, a partir de laboratórios de projeto. Com base em estratégias de inovação e mediação, que procuram compreender a realidade a diferentes escalas, permite-se a imaginação comum de cenários mais positivos e também se fomentam outros modos de fazer arquitetura.

A partir do envolvimento local com as especificidades das hidrogeografias territorialmente dispersas, as soluções propositivas em desenvolvimento nas Oficinas de Projeto ambicionam promover formas de ação global, assim como a discussão de novos modos de operar à escala do território, tanto quanto na pequena na escala.

O trabalho desenvolvido pelas sete equipas de arquitetura e especialistas ocupa as sete salas expositivas do Palazzo Franchetti. No salão central, uma linha de água organiza o espaço e os seus fluxos a partir de um gesto que evoca as dimensões simbólicas e metafóricas, numa experiência sensorial e emocional.

Bacia do Tâmega
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Space Transcribers
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Mapa de trabalho de campo da hidrogeografia do Tâmega. Desenho, 2023. © Space Transcribers

A água da Bacia do Tâmega, outrora base de culturas de regadio, é hoje o principal recurso de uma das maiores instalações de energia hídrica verde da Europa. O Sistema Eletroprodutor do Tâmega, conhecido como Gigabateria, trouxe transformações significativas a esta região, tornando evidente o contraste entre dois modos de gerir água: como recurso e bem comum local e enquanto produto mercantil para a criação de energia. Ao explorar formas de articulação entre diferentes escalas e tempos presentes neste território, ativa-se o diálogo, a partir da capacidade mediadora da arquitetura, procurando mitigar o impacto da metamorfose do território, flora, fauna e da vida humana locais.

Douro Internacional
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Dulcineia Santos Studio
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Tapete de trabalho durante a viagem de estudo ao Douro, 2023. © Dulcineia Santos Studio – Laboratório do Douro Internacional

A investigação concentra-se na cota alta das margens do Douro Internacional, região paradigmática da relação de dependência e partilha entre Portugal e Espanha, sublinhando a relevância da água na conservação do solo e dos ecossistemas, para além do seu uso enquanto recurso energético e bem essencial para consumo humano. Contribuindo para o combate à desertificação de uma zona crescentemente despovoada, propõe-se a reaprendizagem de técnicas ancestrais e sistemas naturais, e a recuperação da dimensão simbólica dos elementos naturais.

Médio Tejo
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Guida Marques
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Sobre o meio, 2023. © Guida Marques

O impacto da indústria mineira é manifesto na região do Médio Tejo, nomeadamente na contaminação da água do rio Zêzere e lençóis freáticos de modo alargado. A constatação do elevado nível de metais pesados, acima do máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde, é particularmente grave num momento em que se considera a hipótese do seu transvase, para aumentar o caudal do rio Tejo e garantir o abastecimento de água na área metropolitana de Lisboa. Repensando as políticas e prioridades do extrativismo, a proposta defende a renaturalização progressiva da paisagem, num processo-manifesto de recuperação e descontaminação, a partir das ferramentas políticas e ativistas da arquitetura.

Albufeira do Alqueva
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Pedrêz
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Reconstrução de um artefacto utilizado nas décadas de 2020–2030 para acelerar o processo de regeneração natural do solo e da água do Alqueva. Oficina Pedrêz, Porto, Portugal, 2023. @Lara Jacinto

Apresentada politicamente como caso exemplar, a Albufeira do Alqueva é responsável pela transformação extrema de uma paisagem – de sequeiro a regadio –, com a criação do maior lago artificial da Europa. A sua água permite dar resposta às necessidades energéticas emergentes, incentivar a crescente atratividade turística e, sobretudo, contribuir para a alta produtividade do agronegócio instalado, simultaneamente responsável pela contaminação e superexploração dos solos. Operando sobre as consequências desta alteração e atentos aos impactos na diversidade dos ecossistemas, estruturas patrimoniais e desigualdades sociais, a proposta explora a dimensão operativa e técnica da arquitetura, no desenvolvimento de dispositivos de descontaminação e produção de solo, na antevisão do futuro daquela região.

Perímetro de Rega do Rio Mira
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Corpo Atelier
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Fractured Aqueduct sketch n.o 5. Colagem e lápis sobre papel, 2023. © Corpo Atelier

O Rio Mira é envolvido por um largo perímetro de rega atualmente dominado por investimentos e interesses exógenos, impostos aos modelos de exploração agrícola instalados, de menor escala ou ambição. Tirando proveito das redes preexistentes, as explorações de alto rendimento contribuem para o desigual acesso aos recursos hídricos, bem como para a contaminação de solos e água, pela introdução de agroquímicos aceleradores. Ao mesmo tempo, a sua viabilidade assenta na superexploração de trabalhadores imigrantes, agentes ocultos, sujeitos a condições precárias de trabalho e habitação. A proposta advoga o potencial político da arquitetura, a partir da denúncia das situações de exploração e sobreposição, alertando para a ausência de regulação deste sistema.

Lagoa das Sete Cidades
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Ilhéu Atelier
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Atlas de parede, 2023. © Ilhéu Atelier

A Lagoa das Sete Cidades é o maior reservatório natural de água doce do arquipélago dos Açores e também uma das sete maravilhas naturais de Portugal. Apesar de romantizada, a atividade agropecuária é responsável pela degradação acelerada dos ecossistemas no território da bacia e na água das lagoas. O desmedido uso de fertilizantes químicos para a produção de pastagens dá origem a processos de eutrofização, causando significativas emissões de dióxido de carbono para a atmosfera, bem como a deterioração do equilíbrio bio-físico-químico da água, inviabilizando a sua utilização. A proposta explora a (re)imaginação utópica do futuro da região, combatendo o principal foco de poluição das lagoas açorianas, ao reconsiderar criticamente o uso do solo, em direta articulação com as dimensões sociais, culturais, patrimoniais e naturais que definem a paisagem dos Açores.

Ribeiras Madeirenses
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Ponto Atelier
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Postal ilustrado do caminho da água. Colagem digital sobre fotografia de Perestrelos, Cabo Girão, Madeira, 2023. © Ponto Atelier

A repetida ocorrência das aluviões nas Ribeiras Madeirenses evidencia o preço a pagar pela urbanização rápida e não planeada do território, agravada pelos cada vez mais frequentes picos de precipitação, fruto das alterações climáticas, cuja responsabilidade redobrada também cabe ao desenfreado e carbonizado sector da construção. O desafio implica a reflexão crítica sobre o trauma associado a estes eventos, desenvolvendo hipóteses de revitalização das linhas de água, hoje fortemente artificializadas, recuperando a resiliência entretanto perdida.

Assembleias de Pensamento
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Apoiando e ampliando o trabalho desenvolvido pelas equipas das Oficinas de Projeto, Fertile Futures conta com um grupo de consultores e consultoras, provenientes de diferentes áreas disciplinares e de uma expressiva abrangência territorial, constituindo um independente laboratório de pensamento que informa e auxilia a construção de visões arquitetónicas especulativas de justiça social, ambiental e climática, de forma ativa e participada, fomentando o desenvolvimento das práticas multidisciplinares.

As Assembleias de Pensamento, multi-situadas, entre Portugal e Veneza, permitem acompanhar, suportar e expandir toda esta experiência, complexificando e enriquecendo a abordagem temática, tanto quanto contribuindo para “traçar um caminho para o público”, envolvendo a comunidade local, portuguesa e internacional, na discussão do tema central proposto. São consultores e consultoras: Álvaro Domingues, Ana Tostões, Andres Lepik, Francisco Ferreira, Luca Astorri, Margarida Waco, Marina Otero, Patti Anahory, Pedro Gadanho e Pedro Ignacio Alonso.

28/29.O1
Trienal de Lisboa
Lisboa
2O.O5
Veneza
O3.O6
gnration
Braga
O2.O9
Fábrica da Cerveja
Faro
O7.1O
Porta 33 – Escola do Porto Santo
Porto Santo
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