Pavilhão
de Portugal

2O.O5
— 26.11.2O23
Palazzo
Franchetti
Pavilhão de Portugal

2O.O5
— 26.11.2O23
Palazzo Franchetti
Oficinas de Projeto
+

Expandindo a existência efémera de uma representação nacional em Veneza, Fertile Futures envolverá as novas gerações no desenvolvimento de soluções para reservatórios de futuro, a partir do contacto próximo com sete hidrogeografias, exemplares da ação antropocêntrica sobre recursos hídricos, naturais e finitos.

Provocam-se jovens ateliers de arquitetura a trabalhar com especialistas de outras áreas disciplinares, a partir de laboratórios de projeto. Com base em estratégias de inovação e mediação, que procuram compreender a realidade a diferentes escalas, permite-se a imaginação comum de cenários mais positivos e também se fomentam outros modos de fazer arquitetura.

A partir do envolvimento local com as especificidades das hidrogeografias territorialmente dispersas, as soluções propositivas em desenvolvimento nas Oficinas de Projeto ambicionam promover formas de ação global, assim como a discussão de novos modos de operar à escala do território, tanto quanto na pequena na escala.

O trabalho desenvolvido pelas sete equipas de arquitetura e especialistas ocupa as sete salas expositivas do Palazzo Franchetti. No salão central, uma linha de água organiza o espaço e os seus fluxos a partir de um gesto que evoca as dimensões simbólicas e metafóricas, numa experiência sensorial e emocional.

Bacia do Tâmega
+

Space Transcribers
Álvaro Domingues
sace transcribers fertile futures 1
Mapa de trabalho de campo da hidrogeografia do Tâmega. Desenho, 2023. © Space Transcribers

A água da Bacia do Tâmega, outrora base de culturas de regadio, é hoje o principal recurso de uma das maiores instalações de energia hídrica verde da Europa, o Sistema Eletroprodutor do Tâmega. Medir e mitigar o impacto desta metamorfose do território, flora, fauna, e na vida humana locais, é o desafio lançado à equipa formada pelos Space Transcribers e pelo geógrafo Álvaro Domingues. Explorando formas de articulação entre diferentes escalas e tempos presentes neste território, ativa-se o diálogo, a partir da capacidade mediadora da arquitetura.

Douro Internacional
+

Dulcineia Santos Studio
João Pedro Matos Fernandes
dulcineia santos studio fertile futures 1
Tapete de trabalho durante a viagem de estudo ao Douro, 2023. © Dulcineia Santos Studio – Laboratório do Douro Internacional

A equipa formada por Dulcineia Santos Studio e pelo engenheiro civil João Pedro Matos Fernandes, concentra-se na cota alta das margens do Douro Internacional, região paradigmática da relação de dependência e partilha entre Portugal e Espanha, sublinhando a relevância da água na conservação do solo e dos ecossistemas, para além do seu uso enquanto recurso energético e bem essencial para consumo humano. Contribuindo para o combate à desertificação de uma zona crescentemente despovoada, propõe-se a reaprendizagem de técnicas ancestrais e sistemas naturais, e a recuperação da dimensão simbólica dos elementos naturais. O Laboratório Douro Internacional é o nome da investigação conduzida por Dulcineia Neves dos Santos e João Pedro Matos Fernandes, e conta com a colaboração de Frederico Moncada, Georges Lieben e Ivana Sehic como forma de alargar os cruzamentos multidisciplinares do laboratório.

Médio Tejo
+

Guida Marques
Érica Castanheira
guida marques fertile futures 1
Sobre o meio, 2023. © Guida Marques

O impacto da indústria mineira é manifesto na região do Médio Tejo, nomeadamente na contaminação da água do rio Zêzere e lençóis freáticos de modo alargado. A constatação do elevado nível de metais pesados, acima do máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde, é particularmente grave num momento em que se considera a hipótese do seu transvase, para aumentar o caudal do rio Tejo e garantir o abastecimento de água na área metropolitana de Lisboa. Repensar as políticas e prioridades do extrativismo, é parte do caminho trilhado por Guida Marques e pela engenheira do ambiente Érica Castanheira defendendo a renaturalização progressiva da paisagem, num processo manifesto de recuperação e descontaminação, a partir das ferramentas políticas e ativistas da arquitetura. 

Barragem do Alqueva
+

Oficina Pedrêz
Aurora Carapinha
pedrez imagem fertile futures
Reconstrução de um artefacto utilizado nas décadas de 2020–2030 para acelerar o processo de regeneração natural do solo e da água do Alqueva. Oficina Pedrêz, Porto, Portugal, 2023. @Lara Jacinto

Apresentada politicamente como caso exemplar, a Barragem do Alqueva é responsável pela transformação extrema de uma paisagem, com a criação do maior lago artificial da Europa. A sua água permite dar resposta às necessidades energéticas emergentes, incentivar a crescente atratividade turística e contribuir para a alta produtividade do agronegócio instalado, simultaneamente responsável pela contaminação e superexploração dos solos. Operando sobre as consequências desta alteração e atentos aos impactos na diversidade dos ecossistemas, estruturas patrimoniais e desigualdades sociais, a Oficina Pedrêz e a arquiteta paisagista Aurora Carapinha, exploram a dimensão operativa e técnica da arquitetura, no desenvolvimento de dispositivos de descontaminação e produção de solo e na antevisão do futuro daquela região.

Rio Mira
+

Corpo Atelier
Eglantina Monteiro
corpo atelier fertile futures 2
Fractured Aqueduct sketch n.o 5. Colagem e lápis sobre papel, 2023. © Corpo Atelier

O Rio Mira é envolvido por um largo perímetro de rega dominado por investimentos e interesses exógenos, impostos aos modelos de exploração agrícola instalados, de menor escala ou ambição, tirando proveito das redes preexistentes. Estas explorações de alto rendimento contribuem para a contaminação de solos e água, bem como para o desigual acesso aos recursos hídricos e para o grande défice de condições dignas de trabalho e habitação. A equipa formada pelo Corpo Atelier e pela antropóloga Eglantina Monteiro, advoga o potencial político da arquitetura, a partir da criação de “objetos mobilizadores”:  uma instalação-denúncia das situações de exploração e sobreposição, alertando para a ausência de regulação deste sistema.  

Lagoa das Sete Cidades
+

Ilhéu Atelier
João Mora Porteiro
ilheu atelier fertile futures 1
Atlas de parede, 2023. © Ilhéu Atelier

Para lá do azul e verde da Lagoa das Sete Cidades, os correntes processos de eutrofização são paradigmáticos dos danos causados pela atividade agropecuária romantizada e aparentemente inofensiva nos ecossistemas locais. A equipa formada pelo Ilhéu Atelier com o geógrafo João Mora Porteiro, está apostada na (re)imaginação utópica do futuro da região, combatendo o principal foco de poluição das lagoas açorianas, ao reconsiderar criticamente o uso do solo, em direta articulação com as dimensões sociais, culturais, patrimoniais e naturais que definem a paisagem dos Açores.

Ribeiras Madeirenses
+

Ponto Atelier
Ana Salgueiro
ponto atelier fertile futures 1
Postal ilustrado do caminho da água. Colagem digital sobre fotografia de Perestrelos, Cabo Girão, Madeira, 2023. © Ponto Atelier

A repetida ocorrência de aluviões nas Ribeiras Madeirenses evidencia o preço a pagar pela urbanização rápida e não planeada do território, agravada pelos cada vez mais frequentes picos de precipitação, fruto das alterações climáticas, cuja responsabilidade redobrada também cabe ao desenfreado e “carbonizado” sector da construção. O desafio lançado à equipa Ponto Atelier com a investigadora Ana Salgueiro, implica a reflexão crítica sobre o trauma associado a estes eventos, desenvolvendo hipóteses de revitalização das linhas de água, hoje fortemente artificializadas, recuperando a resiliência entretanto perdida.

Assembleias de Pensamento
+

Apoiando e ampliando o trabalho desenvolvido pelas equipas das Oficinas de Projeto, Fertile Futures conta com um grupo de consultores e consultoras, provenientes de diferentes áreas disciplinares e de uma expressiva abrangência territorial, constituindo um independente laboratório de pensamento que informa e auxilia a construção de visões arquitetónicas especulativas de justiça social, ambiental e climática, de forma ativa e participada, fomentando o desenvolvimento das práticas multidisciplinares.

As Assembleias de Pensamento, multi-situadas, entre Portugal e Veneza, permitem acompanhar, suportar e expandir toda esta experiência, complexificando e enriquecendo a abordagem temática, tanto quanto contribuindo para “traçar um caminho para o público”, envolvendo a comunidade local, portuguesa e internacional, na discussão do tema central proposto. São consultores e consultoras: Álvaro Domingues, Ana Tostões, Andres Lepik, Francisco Ferreira, Luca Astorri, Margarida Waco, Marina Otero, Patti Anahory, Pedro Gadanho e Pedro Ignacio Alonso.

28/29.O1
Trienal de Lisboa
Lisboa
2O.O5
Veneza
O3.O6
gnration
Braga
O9.O9
Fábrica da Cerveja
Faro
O7.1O
Escola Porta 33
Porto Santo
Seminário Internacional de Verão
+

A consciencialização temática, a experiência colaborativa e o entendimento de um campo de ação expandido são partilhados no Seminário Internacional de Verão. A “deslocação temporária” de estudantes de arquitetura, provenientes de diversificados contextos, para o Fundão, tem como objetivo a partilha horizontal do saber, através da “experiência direta” e da oportunidade de estabelecer novos diálogos.

O Fundão integra a lista de oito cidades portuguesas incluídas na Missão da União Europeia para Adaptação às Alterações Climáticas. O município é um território profundamente afetado pela escassez de água e pela agricultura superintensiva, palco de incêndios e desertificação, sendo, simultaneamente, representativo de investimentos na inclusão social e vertente tecnológica em expansão pelo interior.

Com a tutoria das equipas das Oficinas de Projeto e a participação de estudantes nacionais e internacionais, selecionados por convocatória aberta e reforçada por parcerias institucionais, a intervenção materializa-se na autoconstrução de instalações espalhadas pelo território desenvolvendo estratégias para captação, fixação, fruição e/ou redistribuição da água no concelho do Fundão. O Seminário Internacional de Verão ambiciona sensibilizar as futuras gerações para modos alternativos de fazer arquitetura, favorecendo o lastro e o futuro do projeto Fertile Futures para além do tempo da exposição.

Perante questões comuns e transversais, Fertile Futures defende que um laboratório não pode apresentar resultados conhecidos à partida e, por isso, articulando com outras áreas disciplinares, defende a produção de investigações especulativas, apresentadas sob a forma da palavra e do desenho, para uma exposição que pensa um futuro fértil, sustentável e equitativo, a apresentar na 18.ª Exposição Internacional de Arquitetura — La Biennale di Venezia 2023. Em síntese, Fertile Futures reitera a capacidade transformadora de uma exposição de arquitetura, enquanto plataforma de produção de conhecimento.